Em comemoração ao Dia Mundial da Abelha, dia 20 de maio, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) lançaram um novo manual sobre meliponicultura — a criação de abelhas sem ferrão. Voltado especialmente para mulheres agricultoras iniciantes, o material apresenta orientações práticas e íveis, baseadas no conhecimento gerado pela Embrapa, para quem deseja começar na atividade, seja como hobby ou como fonte de renda.
Desenvolvido a partir do curso “Meliponicultura para mulheres”, realizado em fevereiro deste ano com a condução técnica da Embrapa, o manual reúne conteúdos fundamentais sobre a biologia e o comportamento das abelhas sem ferrão, conhecidas cientificamente como meliponíneos. Com mais de 600 espécies descritas no mundo, o Brasil abriga a maior diversidade: são mais de 250 espécies identificadas.
Entre os temas abordados estão os modelos de caixas para criação, os cuidados no manejo das colônias, a coleta e o processamento do mel, e as etapas para instalação de um meliponário. O guia também traz informações sobre a aquisição legal e responsável de colônias, destacando a importância da conservação dessas abelhas para a segurança alimentar e a sustentabilidade dos ecossistemas.
Mais do que um material técnico, o manual representa um instrumento de fortalecimento da autonomia feminina no campo. “Este manual é um o importante para promover a inclusão produtiva de mulheres rurais, valorizar os conhecimentos locais e estimular a conservação da biodiversidade amazônica por meio do uso sustentável dos polinizadores”, afirma Andrés González, Oficial de Pecuária Sustentável, Sanidade e Biodiversidade Animal da FAO.
Disponível gratuitamente, o material poderá ser utilizado em novas capacitações, contribuindo para ampliar o alcance da meliponicultura como uma atividade sustentável, de baixo impacto ambiental e com potencial de geração de renda.
“O conteúdo dá condições às mulheres iniciarem na criação de abelhas sem ferrão, conciliando com suas atividades na agricultura e na comunidade”, afirma Márcia Maués, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental.
A publicação é fruto da parceria entre FAO e A.B.E.L.H.A., no âmbito do projeto regional “Gestão do conhecimento envolvendo a conservação e o uso sustentável de polinizadores na América Latina”, coordenado pela FAO. O conteúdo abordado conta com a orientação técnica de profissionais da Embrapa e de instituições parceiras.
A pesquisa da Embrapa na Amazônia estuda as abelhas nativas sem ferrão desde a década de 90 e já gerou inúmeras informações sobre a atividade, como a descoberta e identificação de espécies que podem ser criadas em caixas e manejadas para a obtenção de mel, própolis e para a polinização de cultivos agrícolas. “Além disso, as informações da ciência mostram cada vez mais a importância da floresta na conservação dessas abelhas e, consequentemente, na provisão do serviço de polinização para a agricultura”, finaliza Maués.