O mercado do arroz em casca continua enfrentando um cenário de retração, com os preços em queda e sem encontrar um ponto de sustentação, conforme apontam os mais recentes levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A combinação de alta oferta, baixa demanda e fatores externos tem pressionado o setor e colocado em risco a rentabilidade da atual temporada.
Segundo os pesquisadores do Cepea, o mercado vive uma verdadeira queda de braço entre vendedores e compradores. Os produtores tentam manter os preços, mas enfrentam um ambiente desfavorável marcado por embarques fracos para o mercado externo e pela valorização do real frente ao dólar, o que reduz a competitividade do arroz brasileiro no cenário internacional e encarece as exportações. Ao mesmo tempo, a oferta doméstica segue elevada, o que amplia a pressão sobre os valores praticados.
A conjuntura atual tem comprometido as margens dos produtores. Com custos de produção em alta e preços em baixa, a rentabilidade fica ameaçada, o que levanta dúvidas sobre a atratividade da cultura para a próxima safra. O desânimo pode afetar diretamente a área plantada e os investimentos no ciclo seguinte.
Outro fator que adiciona incerteza ao mercado foi o anúncio recente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sobre a possibilidade de aquisição de novos lotes de arroz para recomposição dos estoques públicos. Embora a medida possa, futuramente, sustentar preços por meio de contratos de compra, ela também contribuiu, nos últimos dias, para a redução da liquidez. Com os olhos voltados para uma possível intervenção do governo, compradores preferem aguardar, esperando condições mais favoráveis.
Diante desse panorama, o setor produtivo acompanha com atenção os próximos os das políticas públicas e as movimentações do mercado externo, na expectativa de alguma reação que devolva competitividade e equilíbrio ao setor. Até lá, o arroz segue desvalorizado, em um momento decisivo para o futuro da cultura no Brasil.