Ministério Público quer fim do Glifosato em Mato Grosso e tribunal debate alcance da decisão 4d6e2b

O TRT-23 instaurou um Incidente de Assunção de Competência (IAC) em maio deste ano para debater a "amplitude da legitimidade iva nas ações duplamente coletivas". 382si

Fonte: CENÁRIOMT

Ministério Público quer fim do Glifosato em Mato Grosso e tribunal debate alcance da decisão
Ministério Público quer fim do Glifosato em Mato Grosso e tribunal debate alcance da decisão

Uma ação civil pública (A) movida em 2019 pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF-MT) e Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT) contra a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e Associação Mato-Grossense do Algodão (Ampa), que busca proibir o uso do glifosato no estado, chegou a um novo patamar de discussão no Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (TRT-23).

O TRT-23 instaurou um Incidente de Assunção de Competência (IAC) em maio deste ano para debater a “amplitude da legitimidade iva nas ações duplamente coletivas”. A questão central é definir se os efeitos de uma eventual decisão judicial poderiam alcançar todos os produtores rurais de Mato Grosso, representados pelas associações e federação que figuram como rés na ação.

Outro ponto crucial em debate é a possibilidade de a Justiça do Trabalho decidir sobre a proibição do glifosato nos contratos de trabalho, mesmo que o produto tenha seu uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para enriquecer o debate e obter diferentes perspectivas sobre o tema, o TRT-23 publicou um edital convocando entidades e indivíduos interessados a se manifestarem no prazo de 15 dias. Os participantes podem apresentar documentos e requerer diligências que ajudem a esclarecer as questões jurídicas em disputa, inclusive manifestando interesse em atuar como amicus curiae (amigos da corte).

Os Ministérios Públicos enfatizaram a importância dessa medida para garantir a participação da sociedade civil e da comunidade jurídica na formação de um precedente qualificado sobre o tema. “Com isso, pluraliza-se o debate, com possível fornecimento de informações e perspectivas por parte da sociedade e da comunidade jurídica, qualificando a decisão a ser tomada”, afirmaram em nota.

Alegações sobre os malefícios do Glifosato 39535

Na ação, os MPs argumentam que mesmo com a adoção de todas as medidas de segurança preconizadas para o manuseio do glifosato, como capacitação, observância de rótulos e bulas, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e vestimentas adequadas, estudos científicos demonstram a impossibilidade de garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores rurais a longo prazo. As autoridades alertam que o glifosato pode não apenas causar intoxicações agudas, mas também contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas e outros problemas de saúde.

Além disso, os Ministérios Públicos apontam que a utilização do glifosato em sistemas abertos, como a agricultura, torna inviável qualquer controle efetivo da contaminação, afetando a água, o solo, o ar e os ecossistemas de forma difusa e indeterminada. “De forma difusa e indeterminada, os consumidores e os trabalhadores são expostos a esses venenos, que, de modo geral, estão presentes na alimentação da população e no ambiente de trabalho do agricultor”, reforçam.

Pedido de autocomposição e precedentes internacionais 2or1y

Diante da ampla utilização do glifosato na agricultura de Mato Grosso, os Ministérios Públicos propam uma solução de autocomposição da lide, sugerindo o estabelecimento de metas de redução progressiva do uso do herbicida. Essa atuação é defendida como uma medida de precaução, baseada em robusto material científico, incluindo estudos da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), que classificou o glifosato como provavelmente carcinogênico.

Os MPs também citam a Convenção 170 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que permite a proibição ou restrição de substâncias perigosas, reforçando a legalidade de seu pedido. Eles alertam para os graves impactos do uso indiscriminado de agrotóxicos na saúde humana e no meio ambiente, mencionando as diversas condenações da Monsanto/Bayer nos Estados Unidos em ações movidas por pessoas que desenvolveram câncer associado ao glifosato, com indenizações bilionárias e milhares de processos pendentes.

“A Justiça tem uma decisão a tomar. Acolher o pedido dos Ministérios Públicos para, ao menos, mitigar e neutralizar parcialmente o aparecimento de doenças crônicas como o câncer, ou se contentar a, no futuro, proferir várias condenações em virtude de danos à saúde já materializados”, ponderam as autoridades, questionando a necessidade de inúmeras vítimas comprovarem os danos causados pelo glifosato para que sua proibição seja considerada.

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!