A era do desmatamento impune no campo parece estar com os dias contados, e quem está apertando o cinto é ninguém menos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em um movimento que reflete um compromisso cada vez mais sério com o meio ambiente, a instituição financeira simplesmente barrou R$ 120,5 milhões em crédito rural para produtores de Mato Grosso. O motivo? Indícios claros de desmate ilegal em suas terras, detectados entre fevereiro de 2023 e abril de 2025.
Isso coloca o nosso estado em uma posição nada invejável: vice-líder nacional no volume absoluto de crédito negado por questões ambientais, perdendo apenas para o Paraná. Para se ter uma ideia, dos R$ 13,8 bilhões em solicitações de crédito rural que aram pelo BNDES em Mato Grosso, 0,9% acenderam a luz vermelha.
E não é só por aqui que o desmatamento está sentindo o peso no bolso. Em todo o Brasil, a grana do crédito rural que não foi liberada por irregularidades ambientais já soma a impressionante marca de R$ 806,3 milhões. Isso significa que, em média, quase R$ 1 milhão por dia deixou de circular no campo por conta de crimes ambientais. Essa detecção cirúrgica só é possível graças à parceria do BNDES com a plataforma MapBiomas, que, desde 2023, funciona como um verdadeiro “dedo-duro” da floresta.
O balanço, divulgado nesta quarta-feira (5 de junho), data em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, mostra que os alertas de desmatamento atingiram 3.723 pedidos de crédito rural, o que representa 1% das mais de 337 mil solicitações analisadas pelo BNDES em todo o país. É um sinal claro: a conta do desmate agora chega diretamente no financiamento.